As questões estruturais e históricas, em algum momento, se vinculam
às nossas biografias. Claro que as proporções dos fatos vão
depender da posição social e do lugar que nos encontramos. Digo
isto num momento de extrema dificuldade, de privações e humilhações
– consequência obviamente das questões estruturais e dos fatos
históricos – muito bem justificados por todos que detém algum
tipo de poder. E usam das justificativas para atos insólitos, no
desprezo a princípios e a ordens só concebíveis num país que
nunca viveu plenamente o princípio do respeito à cidadania (num
compromisso com a dignidade humana).
Me volto a pergunta do Lênin: Que fazer?
Vou aproveitar minhas 'férias', que não são férias, para pensar
um pouco nisso e, já que estou completamente sem dinheiro, vou
esconder minhas privações e a vergonha, nas minhas leituras. Quem
sabe durante o dia faça como no velho Marx e George Orwell faziam,
naqueles momentos de fome e solidão: andar pela cidade, nos lugares
mais desprezíveis e pensar como todos de alguma forma estão
conectados às estruturas e a biografia, que no Brasil nos
envergonham com a falta de respeito aos princípios mais básicos de
humanidade e, que se justificam em frases religiosas ou em jargões
vazios, tão vazios como seus princípios.
Então, para dizer que nada foi feito vou me ocupar de dois livros; o
primeiro, dos mais belos livros de Aristóteles “A arte poética”
- para que minha fé na humanidade esteja focada nas artes e na
cultura, nos valores espirituais e mais sublimes do homem -, bem
distante da política e do pensamento brilhante de todos (digo
todos!) que nos governam; o segundo livro, de Gabriel García Márquez
“El amor em los tiempos del cólera” (em edição mexicana de
bolso), para contemplar a genialidade deste escritor na arte de criar
longas narrativas. Para acreditar do que García Márquez sempre
impôs em suas obras: o valor universal dos sentimentos, da
importância das lutas sociais e, principalmente, o valor a arte como
um dos elementos de tornar essa porcaria de mundo melhor.
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