Ontem vi uma cena que me deixou com frio na espinha, infelizmente,
algo que tem sido a muitos anos advertido, mas que por pressões de
setores financeiros nem sempre tem sido fácil estabelecer um
controle e uma política de prevenção. São os acidentes de motos.
Como motociclista e algo que me incomoda, em especial numa cidade
como a nossa que além de motociclistas mal preparados contam com uma
série de problemas estruturais, como irregularidades no asfalto (não
é só buraco que dá queda), péssimas condições de sinalizações.
Outro fator muito grave – infelizmente, não posso provar
empiricamente – é que grande parte dos motociclistas não
entenderam a dimensão do que é montar numa motocicleta -
independente das cilindradas, que pra mim funciona como se fossem
categorias de motos diferentes. A primeira coisa que devemos ter em
mente é o risco do acidente. Digo mais: o risco da morte e, não
precisa que alguém bata, basta um erro, um momento desconcentrado a
sessenta, oitenta quilômetros por horas. Pequenos erros que são
fatais e, mesmo que não mate, qualquer acidente de moto doí
bastante, machuca fisicamente e psicologicamente.
Mesmo com todos os risco o que mais se assiste são atos de imperícia
e de total descaso sobre a responsabilidade do que é pilotar uma
motocicleta. Neste sentido, quero chamar atenção ao que chamei
“pilotar motocicleta”. Pilotar requer alguns cuidados e técnicas
específicas, coisas simples que vai desde o ajuste correto dos
retrovisores – para evitar ao máximo os chamados pontos cegos -,
calibragem dos pneus de acordo com o peso, ajustes do freio f acordo
com seu estilo de pilotagem e dicas como: nunca execute um movimento
se não estiver certo que os demais condutores e pilotos o o tenham
visto, ou a clássica “deixe claro o movimento que pretende fazer e
faça apenas se perceber que o outro lhe notou”. Claro que há
muito mais coisas a serem tratadas, mas não quero dá aulas de
pilotagem, até porque necessito delas. Quero apenas reforçar que
devemos ter conhecimentos mínimos, porém, o que vejo é uma legião
de pessoas despreparadas, mal-educadas se machucando e machucando
outras.
Por isso, todas as vezes que vejo um motociclista no chão penso que
algo precisa ser feito. Não é possível que pessoas se habilitem
apenas fazendo aquele oito ridículo e pronto. As aulas teóricas nas
autoescolas, também, dizem muito pouco porque está mais voltada à
automóveis (carros). A motocicleta envolve um estilo especifico de
condução e deveria ser tratado como tal e, no caso brasileiro, com
rigor na sua licença.
Mas voltando a cena, ainda não consegui entender como um moto
consegue ficar debaixo de um carro na contramão – no caso, entendi
que a moto estava na contramão no momento da colisão. Como
característica comum aos acidentes de moto, em cruzamento - por
isso, vale a dica nos cruzamentos: reduzir a velocidade e, se
possível colocar o pé no chão (ou seja, dá uma paradinha e olhar
pros lados). Ao ver o estrago do carro e a quantidade de sangue do
lado, senti uma dormência nos ombros. Encostei a moto metro depois,
desliguei o motor e reclinei o corpo sobre o tanque. Um senhor que
passava ao lado, notando perguntou se estava bem. Desci, tirei o
capacete para respirar melhor. O medo só me inibiria de voltar e
ligar a motocicleta, por isso, fui até o local do acidente. Por
sorte o rapaz já estava sendo atendido e o serviço médico a
caminho. Tomei uma água, respirei fundo e segui para meus pequenos
afazeres. Um pouco incomodado com as imprudências alheias, também,
chateado e desiludido com tantas outras coisas.
Não sei porque acho que os acidentes de moto se assemelham aos
acidentes de categorias automobilísticas, por uma razão muito
simples. Os motociclistas, de forma errada, insistem pilotar sempre
no limite do equipamento. Essa prática tende a levar a resultados
inesperados, isto porque temos que considerar a própria falha
mecânica, sempre possível. É preciso ensinar e repetir
exaustivamente sobre os perigos de se pilotar uma motocicleta –
inclusive enfatizando-se o risco da morte. Como piloto (e condutor)
faço questão de esta sempre atento a este inconveniente. Somos
piloto, mas o capacete não nos dá o credenciamento de
ultrapassarmos os limites.
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