Por mais que as
pessoas não gostem de política, as crises sociais, os problemas que envolvem
pessoas, comunidades e instituições dependem diretamente de um ato que delibera
pela política. Há outros aspectos que reforçam sua importância. Quando algum
gestor público eleito com o voto da população descumpre promessas, atua no
sentido de não proteger os direitos de quem os representa. Determina ações
desconexas da realidade e das reais necessidades daqueles que precisam do
Estado. Não faltam exemplos, basta pensarmos que a escolha de alguém que não
pense nas questões da saúde como sendo primordiais à população, pode facilmente
elencar prioridades que, certamente, tendem a refletir sobre vidas – que num
momento de extrema fragilidade – se veem as condições mínimas à um atendimento
humano.
Vejo como
lamentável quando as pessoas dizem não gostar da política. Primeiro não se dão
conta que estão abrindo mão da própria liberdade. Normalmente, escolhem por
escolher e não pensa nas implicações. Lembro que em uma das eleições
municipais, esperando ônibus para votar duas mulheres se reclamavam por terem
de sair de casa no domingo. Acredito que estão certas; um dia é pouco para
escolher alguém que pode prejudicar com nossas vidas. O problema foi à solução
que elas encontraram:
“Oxê, vou votar
naquele “G” que está na frente, assim não tem que ir de novo.” Faziam
referência ao segundo turno, ou melhor, como evitá-lo.
“É mermo. Vou
fazer isso.”
Parece que de fato
conseguiram evitar o incomodo de sair de casa novamente. Não estranharia, se por acaso, na mesma parada
de ônibus encontrasse as mesmas pessoas desta vez falando o quanto nossos
representantes políticos deixam a desejar. Não estranharia os xingamentos
vazios, e as palavras repetidas - como papagaio – tantas vezes repetidas pelos
meios de comunicação, numa autoafirmação do “não gosto de política”.
Certamente, se perguntadas se gostam da cidade em que vivem, responderiam com
um grande SIM. Pena que seja tão vazio quanto a bela justificativa usada para “não
sair de casa no domingo”.
Se me
perguntasse se gosto de política, tentaria fugir da velha dicotomia entre bem x
mal, certo x errado, falso x verdadeiro. Dicotomias atrofiam o pensamento e não
nos permite ver para além dos muros de nossa existência. Ficaria entre, um
recurso necessário, tão importante como alimentar-se, vestir-se, amar e, tantas
outras coisas vitais, mas que se desprezarmos a política, desprezamos o mais essencial:
o cuidado de nossa casa - leia-se, de nossa cidade, do nosso bairro, de nossa
rua. Ao que vai faltando na política irá se refletindo em todas essas coisas
vitais, que acabo de mencionar. Afinal,
o que esta crise senão o desprezo pela política? E suas consequências, senão
uma ausência de tudo que lhe tira a dignidade?
Independente
das posições ideológicas, vejo como fundamental não perdermos essa dimensão do
necessário, aliás, Pólis – cidade – Política
- cuidar da cidade. Claro que há outras
dimensões, no entanto, desprezar o seu princípio é desprezar a nós mesmos.
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