quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sobre Polis, Política e o cuidado de tod@s

Por mais que as pessoas não gostem de política, as crises sociais, os problemas que envolvem pessoas, comunidades e instituições dependem diretamente de um ato que delibera pela política. Há outros aspectos que reforçam sua importância. Quando algum gestor público eleito com o voto da população descumpre promessas, atua no sentido de não proteger os direitos de quem os representa. Determina ações desconexas da realidade e das reais necessidades daqueles que precisam do Estado. Não faltam exemplos, basta pensarmos que a escolha de alguém que não pense nas questões da saúde como sendo primordiais à população, pode facilmente elencar prioridades que, certamente, tendem a refletir sobre vidas – que num momento de extrema fragilidade – se veem as condições mínimas à um atendimento humano.
Vejo como lamentável quando as pessoas dizem não gostar da política. Primeiro não se dão conta que estão abrindo mão da própria liberdade. Normalmente, escolhem por escolher e não pensa nas implicações. Lembro que em uma das eleições municipais, esperando ônibus para votar duas mulheres se reclamavam por terem de sair de casa no domingo. Acredito que estão certas; um dia é pouco para escolher alguém que pode prejudicar com nossas vidas. O problema foi à solução que elas encontraram:
“Oxê, vou votar naquele “G” que está na frente, assim não tem que ir de novo.” Faziam referência ao segundo turno, ou melhor, como evitá-lo.
“É mermo. Vou fazer isso.”
Parece que de fato conseguiram evitar o incomodo de sair de casa novamente.  Não estranharia, se por acaso, na mesma parada de ônibus encontrasse as mesmas pessoas desta vez falando o quanto nossos representantes políticos deixam a desejar. Não estranharia os xingamentos vazios, e as palavras repetidas - como papagaio – tantas vezes repetidas pelos meios de comunicação, numa autoafirmação do “não gosto de política”. Certamente, se perguntadas se gostam da cidade em que vivem, responderiam com um grande SIM. Pena que seja tão vazio quanto a bela justificativa usada para “não sair de casa no domingo”.
Se me perguntasse se gosto de política, tentaria fugir da velha dicotomia entre bem x mal, certo x errado, falso x verdadeiro. Dicotomias atrofiam o pensamento e não nos permite ver para além dos muros de nossa existência. Ficaria entre, um recurso necessário, tão importante como alimentar-se, vestir-se, amar e, tantas outras coisas vitais, mas que se desprezarmos a política, desprezamos o mais essencial: o cuidado de nossa casa - leia-se, de nossa cidade, do nosso bairro, de nossa rua. Ao que vai faltando na política irá se refletindo em todas essas coisas vitais, que acabo de mencionar.  Afinal, o que esta crise senão o desprezo pela política? E suas consequências, senão uma ausência de tudo que lhe tira a dignidade?

Independente das posições ideológicas, vejo como fundamental não perdermos essa dimensão do necessário, aliás, Pólis – cidade – Política  - cuidar da cidade. Claro que há outras dimensões, no entanto, desprezar o seu princípio é desprezar a nós mesmos.  

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