quarta-feira, 26 de agosto de 2015

“Eu faço a minha parte e pronto”


Essas últimas semanas não estou numa boa fase criativa. Ao contrário de
muitos, não vou alegar este vazio de conteúdo a um ente (de outro mundo) chamado crise. Creio que seja muito fácil atribuir àquilo que não conseguimos fazer, quando na verdade, muitas vezes o que está em jogo é aquilo que não conseguimos ser. Embora não possamos negar que fatores externos devam ser considerados. Quando ouvimos falar em crise na Grécia, de fato, o que se tem como contexto não é cenário ideal. Problemas existem.
A questão que pretendo expor e, portanto, muito mais de uma percepção individual do que propriamente, resultado de teorias e/ou pesquisas. Nestes últimos meses não tenho visto muito sentido nos aspectos da criação, da renovação, da cultura e da arte. Algumas frases de efeito e concepções daquilo que as pessoas não são tem impacto. O que pensar quanto alguém diz:
“Eu faço a minha parte e pronto”
Tem essa:
“Sei não” - normalmente, dita quando questionado e/ou quando se pede opinião sobre algo.
A mais recente não foi bem uma frase, mas uma suposta relação entre teoria, viagem e maconha, como se trabalhar com o pensamento, com as palavras e a construção da realidade fosse algo de “drogados”. Engraçado que com tanta objetividade e coisas práticas as pessoas continuem rodado em volta do próprio rabo como um cão doido. “Eu faço a minha parte e pronto” e, vejo deste mesmo sujeito que se julga acima de qualquer informação e conhecimento um comportamento e uma postura do mundo que mostra exatamente o contrário: as atitudes desconexas (porque não afirmar indignas) demonstram a falta de conhecimento ao que de fato ele deveria fazer. Por isso que tão fácil creditar crises, insucessos e entidades abstratas, por que “estamos fazendo nossa parte”.
Como estou sem ideias e e desconexos em argumentos reconsidero um pouco do que aprendi reforçando valores, para que não seja mais a um a dizer “eu faço a minha parte e pronto”. Para mim nada mais hostil. Viver em sociedade, gostando ou não, requer um pacto (ou contrato) bem maior do que a mediocridade de nossas certezas. Acredito que a falta de criatividade é passageira, tenho lutado contra, em especial, para não deixar me abater diante de um modelo de sociabilidade que não e sociedade e, que está a séculos de distância de produzir algo bom.

“Creio que quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir um destino” Marguerite Yourcenar

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