Esta
é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas,
factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência
Todos os meus contos, projetos
literários (romances e biografia) foram deixados de lado. “Deixados
de lado!” Apenas um modo de expressão. Como deixados de lado?
Algumas vezes me pego lendo escritos antigos, vasculhando papeis,
ideias soltas e congeladas pelo tempo. Interessante isso, porque
revela o momento, que mesmo sem importância e de pouco valor
literário (intelectual) tem um peso simbólico. Faço esta colocação
num momento particularmente difícil. Serei, de fato, alguém apto e
digno de ser escritor? Um escritor que não escreve? Soma-se isso num
momento que escrever é algo crucial para mim – devido a
dissertação – condição necessária para continuar atuando
profissionalmente e, ampliando meus horizontes de formação, neste
ciclo necessário da formação. Aos trancos estou escrevendo, mesmo
sem saber se realmente vou conseguir concluir.
Todas essas questões surgem quando ao
sentar de frente ao computador que ao ligá-lo pensei: “Que tal
voltar a escrever uma pequena história?” Abri o editor de texto e
ao ver a tela branca com o prompt piscando, deparei com velhos
bloqueios. Tinha a história na mente, só que ao digitar as
primeiras palavras a única coisa concreta que pode produzir foram
minhas dúvidas. Não sabia se estava “contando” (dizendo) ou
mostrando a história. Dizem que o ideal na literatura é mostrar
para que o leitor viaje sobre cenas e cenários na sua história que
termina sendo dele (o leitor).
Tudo bem! Sei disso, mas por que não
fiz? Num primeiro momento tentei justificar-me pela falta de prática
– já que faz dois anos que não escrevo nada neste gênero – sem
falar da minha ausência da literatura, dos bons livros. Dedução
pode está correta, mas parcialmente. Depois percebo que caneta e
papel são, ainda, fundamentais para mim. Mesmo que se “perca
tempo” - apesar de que o tempo na escrita tem sua própria lógica.
Talvez seja um pouco de tudo, somados a preocupações externas ao
meu humilde e improvisado escritório.
Foram dois dias pensando porque não
tinha conseguido escrever e se algum dia voltaria, mas a única
resposta - que não tem nenhuma relação com este bloqueio - eram
as lembranças de minha última viagem de moto para Cidadizinha (nome
fictício). A imagem de um agreste que mantinha sua paisagem típica,
a caatinga, tendo como um cenário maior - ao fundo como um grande
quadro – as serras que contribuía com seu cinza, naquele por do
sol, em contrastes de nuvens de um amarelo reluzente – algumas
certezas que só aqueles que lá vivem negam pra si. Certeza de mais
um dia seco em tons cinza que abrilhantam o atraso político,
econômico e social, que se despede ao por do sol as esperanças do
verde tão desejado por agricultores. Mas não era apenas a imagem.
Àquele cair da tarde despertou lembranças da minha infância,
lembranças da mesma solidão que pilotava, ao mesmo tempo que me
sentia acompanhado. Acompanhado pelas naturezas, pelas minhas
naturezas, pela natureza da mãe terra, pela natureza de Deus.
Resolvi abri o visos do capacete e o vento frio me colocava a um
mundo dos sentidos de todas essas naturezas.
Nunca tinha visto o quanto é bonita
àquele região. Agreste de serras e planos. Mesmo sendo perigoso era
inevitável que não parasse. Encostei a moto num lugar seguro. Tirei
o capacete e deixei que meus pulmões se enchessem. Por alguns
minutos não pensei em nada. Foi algo diferente, como ainda está
sendo este momento que volto dá importância a voltar a escrever.
Busco ideias que se transformação em palavras que podem, ou não,
está associadas a lembranças. Necessariamente não precisam está
juntas. Talvez daqui algum tempo volte a escrever. Certamente, há
muito o que ser dito.
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