segunda-feira, 4 de maio de 2015

“Não mais ...”

Nestes últimos tenho pensado sobre a crise econômica que paira sobre nossa nação. Primeiramente, as justificativas por sua existência variam de acordo com as conveniências. Nossa presidente afirma que a crise no Brasil é consequência de uma crise maior, de âmbito internacional. A grande questão é saber qual crise? Do povo palestino? A crise da Grécia? O desaquecimento da economia de exportação da Europa? Dos imigrantes que vivem na França? Qual? Foi dito algo muito genérico que pode ser explicado e comparado com qualquer coisa, inclusive com nada. Do outro lado estão os críticos do governo que, ao contrário da presidente, desconsideram tudo que está lá fora e atribuem a responsabilidade apenas ao grupo político que está no poder. Quem estaria com a razão? Ou melhor (e sendo mais dramático), quem está com a verdade? (Como tem gente que gosta desta palavra!)
Graças a Deus não tenho a resposta para isso, no entanto, sinto falta - dos dois lados – de um argumento mais convincente sobre o que nos poderia impulsionar para, de fato, construímos uma nação pautada num modelo de desenvolvimento que não repetisse velhos conceitos. Para quem tem um pouco de senso crítico é fácil perceber: crescimento econômico, dois pontos percentuais no crescimento de empregos, aumento do consumo, liberação de créditos, financiamentos públicos sobre setores produtivos - também, em forma créditos-, desaquecimento da economia, aumento de juros e diminuição de créditos, três pontos percentuais a menos no emprego, desaquecimento da economia, inflação, alguns meses de vacas magras e, novamente, a retomada dos sonhos. As famosas medidas de austeridade fiscal, seguem a mesma lógica. Cartilhas de políticas neoliberais, feitas no passado pelo PSDB, hoje sendo cumpridas com graus de aperfeiçoamentos pelo PT – leia-se Dilma.
A situação não seria mais preocupante se não houvesse em meio ao momento econômico, cortes ao que todos os políticos, formadores de opinião e os grandes intelectuais da esquerda consideram como sendo prioridade, que são os investimentos nas áreas sociais – incluindo em ordem de prioridade: educação, saúde, segurança pública. O Ministério do Planejamento cortou do orçamento deste ano 22,7 bilhões de reais, sendo 7,042 só da educação, isso porque o lema é “Brasil pátria educadora”. Na conta destes cortes uma série de outras medidas foram tomadas, a exemplo da mudança na CLT e das pensões por morte, direitos que são tirados sob alegação de se está fazendo economia (“precisamos ajustar os gastos da máquina pública para voltarmos a crescer” A grande pergunta é: quem?) . (Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150108_corte_contas_ms_lgb)
No meio de tudo isso os discursos vazios, de ambos os lados, não propõe nada. Tenho dúvidas se a deposição de um governo por outro mude o que considero ser uma questão de princípios. Meio subjetivo mesmo. O argumento parece ser tão vazio quanto as propostas. Que princípios existem num sistema que corta em áreas que já não tem muito. Quantas pessoas não iram morrer nas filas de grandes hospitais, porque o que já ruim vai ficar ainda pior? E na educação? Vejo com desgosto quando vejo jovens trancarem suas matrículas, simplesmente, porque o Estado não lhe garante o mínimo. E sabem qual alegação, no final das contas? Economia, e o mesma conversinha que citei linhas acima. E que dizer do ensino básico e médio? Sempre construído em bases frágeis. Mas isso é o que menos importa ao que temos hoje como nossos representantes. Foram 7 bilhões e, ainda tem colegas com diploma de doutor na mão que afirmam que isso não interfere em nada no futuro do país. Fazem comparação com passado, mas não incapazes por meio da autocrítica dá um passo a frente. Há um maldito discurso do inevitável, de que não é possível planejar e governar de forma diferente e, voltam a velhas práticas.

 Mas vamos lá! Com os velhos modelos que se estampam com rotulagens novas, caçando direitos, buscando privilégios na velha tática pelo poder, de que os fins justificam os meios, numa sucessão de frases de efeitos de ambos os lados, revelando nossa falta de pensar o novo e, assim, não duvidem! – àqueles que hoje apedrejam os políticos podem ser os mesmos que amanhã, como entorpecidos pelo sonho do consumo e pela sede de TER algo mais do que ser, corram para abraçar, beijar e dizer o quanto são gratos, num gesto de amor quase filial – relação de pai pra filho -, na reprodução da velha política: patriarcal; naquela relação de favores. “E assim caminha a humanidade, em passos de formiga e sem vontade ...” (Lulu Santos) Esperando o futuro, esperando o futuro …  


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