Nestes últimos tenho pensado sobre a crise econômica que paira
sobre nossa nação. Primeiramente, as justificativas por sua
existência variam de acordo com as conveniências. Nossa presidente
afirma que a crise no Brasil é consequência de uma crise maior, de
âmbito internacional. A grande questão é saber qual crise? Do povo
palestino? A crise da Grécia? O desaquecimento da economia de
exportação da Europa? Dos imigrantes que vivem na França? Qual?
Foi dito algo muito genérico que pode ser explicado e comparado com
qualquer coisa, inclusive com nada. Do outro lado estão os críticos
do governo que, ao contrário da presidente, desconsideram tudo que
está lá fora e atribuem a responsabilidade apenas ao grupo político
que está no poder. Quem estaria com a razão? Ou melhor (e sendo
mais dramático), quem está com a verdade? (Como tem gente que gosta
desta palavra!)
Graças a Deus não tenho a resposta para isso, no entanto, sinto
falta - dos dois lados – de um argumento mais convincente sobre o
que nos poderia impulsionar para, de fato, construímos uma nação
pautada num modelo de desenvolvimento que não repetisse velhos
conceitos. Para quem tem um pouco de senso crítico é fácil
perceber: crescimento econômico, dois pontos percentuais no
crescimento de empregos, aumento do consumo, liberação de créditos,
financiamentos públicos sobre setores produtivos - também, em forma
créditos-, desaquecimento da economia, aumento de juros e diminuição
de créditos, três pontos percentuais a menos no emprego,
desaquecimento da economia, inflação, alguns meses de vacas magras
e, novamente, a retomada dos sonhos. As famosas medidas de
austeridade fiscal, seguem a mesma lógica. Cartilhas de políticas
neoliberais, feitas no passado pelo PSDB, hoje sendo cumpridas com
graus de aperfeiçoamentos pelo PT – leia-se Dilma.
A situação não seria mais preocupante se não houvesse em meio ao
momento econômico, cortes ao que todos os políticos, formadores de
opinião e os grandes intelectuais da esquerda consideram como sendo
prioridade, que são os investimentos nas áreas sociais –
incluindo em ordem de prioridade: educação, saúde, segurança
pública. O Ministério do Planejamento cortou do orçamento deste
ano 22,7 bilhões de reais, sendo 7,042 só da educação, isso
porque o lema é “Brasil pátria educadora”. Na conta destes
cortes uma série de outras medidas foram tomadas, a exemplo da
mudança na CLT e das pensões por morte, direitos que são tirados
sob alegação de se está fazendo economia (“precisamos ajustar os
gastos da máquina pública para voltarmos a crescer” A grande
pergunta é: quem?) . (Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150108_corte_contas_ms_lgb)
No meio de tudo isso os discursos vazios, de ambos os lados, não
propõe nada. Tenho dúvidas se a deposição de um governo por outro
mude o que considero ser uma questão de princípios. Meio subjetivo
mesmo. O argumento parece ser tão vazio quanto as propostas. Que
princípios existem num sistema que corta em áreas que já não tem
muito. Quantas pessoas não iram morrer nas filas de grandes
hospitais, porque o que já ruim vai ficar ainda pior? E na educação?
Vejo com desgosto quando vejo jovens trancarem suas matrículas,
simplesmente, porque o Estado não lhe garante o mínimo. E sabem
qual alegação, no final das contas? Economia, e o mesma conversinha
que citei linhas acima. E que dizer do ensino básico e médio?
Sempre construído em bases frágeis. Mas isso é o que menos importa
ao que temos hoje como nossos representantes. Foram 7 bilhões e,
ainda tem colegas com diploma de doutor na mão que afirmam que isso
não interfere em nada no futuro do país. Fazem comparação com
passado, mas não incapazes por meio da autocrítica dá um passo a
frente. Há um maldito discurso do inevitável, de que não é
possível planejar e governar de forma diferente e, voltam a velhas
práticas.
Mas vamos lá! Com os velhos modelos que se estampam com rotulagens
novas, caçando direitos, buscando privilégios na velha tática pelo
poder, de que os fins justificam os meios, numa sucessão de frases
de efeitos de ambos os lados, revelando nossa falta de pensar o novo
e, assim, não duvidem! – àqueles que hoje apedrejam os políticos
podem ser os mesmos que amanhã, como entorpecidos pelo sonho do
consumo e pela sede de TER algo mais do que ser, corram para abraçar,
beijar e dizer o quanto são gratos, num gesto de amor quase filial –
relação de pai pra filho -, na reprodução da velha política:
patriarcal; naquela relação de favores. “E assim caminha a
humanidade, em passos de formiga e sem vontade ...” (Lulu Santos)
Esperando o futuro, esperando o futuro …
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