Depois de muito tempo voltei a um
antigo projeto de novela que pretendia desenvolver.
´Um dos personagens, conhecido
como empresário de sucesso vê-se no meio de uma crise financeira
que o afeta em todos os outros campos de sua vida. Entre crises,
tração dos amigos, a quem os tinha por sócios, abandono de sua
companheira, vai aos poucos abandonando-se entre os bares
underground. Numa dessas noites, vinte quilos mais gordo – mais
pobre na mesma proporção – o personagem cai. Sente que alguma
coisa está acontecendo. O coração acelera-se de modo que não
consegue controlar mas, nenhum movimento. Sua caixa torácica é
pequena. Consegue ainda pagar a conta. As garçonetes permanecem
indiferentes ao que parecia apenas embriaguez. Arrastava-se
cambaleando. Queria ligar pra alguém, mas quem? À Pablo que lhe
tomará a direção da empresa? À Luciana, mesmo que quisesse não
conseguiria. Não tinha nenhuma referência. Quando saiu do bar
procurou um lugar pra escorar-se. As batidas deixavam seu corpo mais
lento e fraco, ao mesmo tempo que uma sensação de abandono de si
dominava sua mente. Aos poucos seu corpo vai cedendo. Escuta uma voz
bem baixinha ao seu ouvido:
“pegue tudo que quiser de
mim, mas não me deixe pensar como os outros, não deixe de me
inquietar sempre que necessário, porque sei que um dia virás numa
única viagem. Tudo bem! Pegue na minha mão e me puxe para onde
quiser me levar, mas por favor, afaste de mim essa realidade
estúpida”
Sentia que dali não sairia tão
facilmente, ao ceder sua cabeça na calçada úmida em disputas com
baratas e pombos, mesmo sem conseguir falar, sentiu que algo lhe
acontecia, e que nada, (mesmo aquela multidão que vivia a noite)
poderia ajudá-lo.
O personagem acorda dois meses
depois. As luzes brancas, a sensação fria do ambiente. Os braços
tomados por fios e mangueiras. Ele ainda tinha uma chance, apenas
uma...'
Depois continuo que essa digna
história brega, bem digna de novela mexicana ...
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