quinta-feira, 15 de maio de 2014

A teoria dos sistemas, Frederico e o depois de amanhã...

Pode parecer bobagem, mas depois que tudo isso vai chegando ao fim me vem à mente algumas cenas, como o carro que dirigia desesperado na contra mão, que por muito pouco ele não passa por cima do meu velocipe. Ao parar em um dos sinais da Caxangá, já próximo do meio dia, vejo que ninguém respeitava o semáforo. Estava um pouco apreensivo. Não é todo dia que se vê um carro dirigindo na contramão pela Caxangá. Em casa, acompanho no rádio e internet notícias quase em tempo real. Imagens de pessoas saqueando, políticos e comentaristas dando seu pitaco. Vez por outra paro para ler “Teoria sistêmica do Direito”, assunto bem propício: “a lei muda pela própria lei”, no entanto, existe um elemento de reflexibilidade onde os atores sociais vão conformando suas relações institucionais de acordo com as demandas políticas sociais do qual estão inseridas. - Depois disso faço a pergunta mágica: E daí? Parece que há muito mais coisa em questão. Deixo de lado tudo isso. Vou ler Flaubert, mas lá que vejo que há um questionamento profundo de uma instituição, que já naqueles idos parecia não ir bem: Família! Aliás, não era diretamente sobre a família, mas de pessoas da família que em prol de interesses próprios viviam suas vidas instituindo suas próprias regras. Mme. Arnoux, apesar de rica e aristocrata, não sabia muito bem porque as coisas têm que ser exatamente como ela não acreditava, já o próprio Arnoux vivia o que muitos faziam, que num jogo de interesses lançava-se sobre o que aquilo lhe poderia dar: poder (pelo poder) – parece que nisso há um certo prazer. O capítulo foi logo me enchendo porquê Frederico na sua inocência juvenil acreditava em todos os sentimentos bons que o senso de humanidade, em sua fase infantil, desperta em todas as criaturas ausentes das questões materiais. Isso não se parece em nada com as imagens que vejo da tela do meu computador: mulheres, homens, crianças – acho que famílias – numa cena que lembrava cenários de guerra e fome. Volto ao livro. Então, Frederico sonhava. Sonhava com amada (já comprometida por um laço formal e informal), sonhava em deixar a vida miserável de uma França que secava o sangue de sua revolução. Frederico desconsiderava, inclusive tudo a sua volta. Enquanto isso, não deixava de ouvir o rádio, e vez por outra, acessava internet. A conclusão era obvia: instalara-se um clima “nunca antes visto na história do Brasil!” 
Volto para o texto: Teoria sistêmica... não aguento. Faço algumas anotações no bloco de atividades. Não sei porque faço isso. Me levanto irritado. Esta, sim, é a realidade. Volto a pensar na teoria sistêmica, nas possibilidades de reflexibilidade. Percebo que não há reflexibilidade, porque isso representa a possibilidade de mudança, significa que estou falando de uma característica de uma sociedade moderna, do qual sua formulação é para uma sociedade pós-moderna – logo chego a conclusão que esse tal de Luhmann escreve de um lugar tão diferente do nosso que se ouvisse ou pelo menos lesse alguma coisa parecida, ao que acompanho, certamente se perguntaria sobre a autopoiesis, desligaria tudo e faria como Frederico – ficaria no mundo das ilusões.
Ao final de tudo é mais ou menos sobre isso que pretendo ficar: o mundo das ilusões (as perdidas, de preferência!). Obviamente, diferente de Frederico. No mundo das ilusões, de preferência afastando-me o máximo possível de qualquer explicação intelectoide da sociedade. Um pouco preocupado - é verdade! - a cerveja vai subir e o meu tempo é curto para escrever, mas quem não tem suas limitações. Ao final de tudo isso, penso que é chegada hora de voltar a ficção da realidade social e, como na matrix, ao invés de acordar, fugir ao máximo do deserto real da existência. Amanhã é sexta-feira, depois é sábado, em seguida é domingo e, assim se sucedem os dias … Não é preciso muita teoria, apenas uma boa dose de alienação, as demais coisas é mais ou menos como Nicolau falava: “... ou com as próprias, graças à fortuna ou à virtú”.

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