Dez vez enquanto, fragmento o fragmento. Antigo projeto de escrever um romance que agora em decorrência de um projeto mais importante, do ponto de vista intelectual e profissional, deixei de lado. Em momentos esporádicos volto a velha ideia. É um projeto pessoal, mesmo. Até porque se faz necessário uma série de outros fatores para uma publicação e o exito. Talvez, daí não me preocupe com a estética e outros valores importantes na escrita e nas minha publicações.
O pequeno fragmento foi apenas pra lembrar desse projeto. Ler coisas que você escreveu no passado é bem interessante e estranho. Segue com poeira e tudo:
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Ficou um tempo pensando
sobre o nada. Estranha sensação, quando percebe vagamente que o
caminho seria bem mais distante, mas não impossível. Voltou a
vestir sua jaqueta, montou na sua velha moto e seguiu viagem por mais
mil quilômetros. Mentira, não era mil. Que importância tem isso?
Quem faz seu caminho o faz a cada pedaço, a cada aperto de mão.
Na rua tudo um pouco
mais lento, apesar da violência dos jornais, da rapidez dos seus
movimentos, dos carros que seguiam à suas casas, alguém nos diz da
rapidez. No fundo somos nós que decidimos os caminhos e a velocidade
e, assim, que chegou em casa pegou seu contrabaixo e, a quanto tempo
não se sentia motivado. Suas mão dedilhavam firmes e notas
precisas, cabeça erguida e, cada vibração de sua corda era uma
nova necessidade que sentia, de recomeçar, de reencontrá-la, de
voltar à vida, de voltar a ser o velho Marcos que tantas vezes caiu,
mas que agora sentia-se vivo.
O dia seguinte, apenas
mais um dia com seu advogado. Dez anos não eram dez dias. Tanta
coisa. A fome, a solidão da pobreza, a realidade de refazer-se, como
nunca tinha desistido – mesmo contra todos os prognósticos. Chorou
quando lembou do seu primeiro advogado, chorou quando lembrou do
velho Cícero. Mas, foram eles velhos que teriam tudo para não
acreditarem na vida e no homem que resgataram-lhe. O Velho advogado,
uma raposa, amigo do seu pai. Cícero, a quem no final da vida
aprendeu e ensinou.
A música soava-lhe
como oração a fortalecer-lhe a alma. Parou logo. Foi até sua
janela. Contemplava distante a escolhera que fizera e, já tinha
decido: quando tudo isso acabar, assumir o controle da empresa,
arriscaria tudo novamente – desta vez com uma diferença – com
mais ousadia, embalado ao som do seu bom e velho blues do rádio do
carro, rápido. O limpador do para-brisa intermitente, ao longo da
estrada.
…
O reflexo espelhado não
lhe identificava, não fosse as lembranças ...
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