quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Fragmentos de um antigo projeto


 Dez vez enquanto, fragmento o fragmento. Antigo projeto de escrever um romance que agora em decorrência de um projeto mais importante, do ponto de vista intelectual e profissional, deixei de lado. Em momentos esporádicos volto a velha ideia. É um projeto pessoal, mesmo. Até porque se faz necessário uma série de outros fatores para uma publicação e o exito. Talvez, daí não me preocupe com a estética  e outros valores importantes na escrita e nas minha publicações.
O pequeno fragmento foi apenas pra lembrar desse projeto. Ler coisas que você escreveu no passado é bem interessante e estranho. Segue com poeira e tudo:
    ----
Ficou um tempo pensando sobre o nada. Estranha sensação, quando percebe vagamente que o caminho seria bem mais distante, mas não impossível. Voltou a vestir sua jaqueta, montou na sua velha moto e seguiu viagem por mais mil quilômetros. Mentira, não era mil. Que importância tem isso? Quem faz seu caminho o faz a cada pedaço, a cada aperto de mão.
Na rua tudo um pouco mais lento, apesar da violência dos jornais, da rapidez dos seus movimentos, dos carros que seguiam à suas casas, alguém nos diz da rapidez. No fundo somos nós que decidimos os caminhos e a velocidade e, assim, que chegou em casa pegou seu contrabaixo e, a quanto tempo não se sentia motivado. Suas mão dedilhavam firmes e notas precisas, cabeça erguida e, cada vibração de sua corda era uma nova necessidade que sentia, de recomeçar, de reencontrá-la, de voltar à vida, de voltar a ser o velho Marcos que tantas vezes caiu, mas que agora sentia-se vivo.
O dia seguinte, apenas mais um dia com seu advogado. Dez anos não eram dez dias. Tanta coisa. A fome, a solidão da pobreza, a realidade de refazer-se, como nunca tinha desistido – mesmo contra todos os prognósticos. Chorou quando lembou do seu primeiro advogado, chorou quando lembrou do velho Cícero. Mas, foram eles velhos que teriam tudo para não acreditarem na vida e no homem que resgataram-lhe. O Velho advogado, uma raposa, amigo do seu pai. Cícero, a quem no final da vida aprendeu e ensinou.
A música soava-lhe como oração a fortalecer-lhe a alma. Parou logo. Foi até sua janela. Contemplava distante a escolhera que fizera e, já tinha decido: quando tudo isso acabar, assumir o controle da empresa, arriscaria tudo novamente – desta vez com uma diferença – com mais ousadia, embalado ao som do seu bom e velho blues do rádio do carro, rápido. O limpador do para-brisa intermitente, ao longo da estrada.
O reflexo espelhado não lhe identificava, não fosse as lembranças ...

Nenhum comentário: