Àqueles que me conhecem sabem muito bem o quanto odeio pilotar moto, e só o faço por uma questão de dinheiro – porquê não teria condições de pagar passagens todos os dias, sem falar da hora que chegaria em casa – e, segundo, a manutenção de um veículo, ainda é custoso dado meu baixo poder aquisitivo. Bom, mas o que vejo em cima de uma insignificante 125cc é mais ou menos o reflexo do que somos, posso me equivocar – mas não tenho medo das afirmações. À começar pelos motoqueiros e motociclistas. Os primeiros, que fazem do seu veículo instrumento de trabalho e de transporte parecem desconhecer qualquer regra de trânsito - não apenas isso – de civilidade. Na sua grande maioria são agressivos e, por desconhecerem seus próprios ricos poem em risco a vida e a tranquilidade dos demais. O segundo tipo, os motociclistas, devem ser procurados com uma lupa, de tão raros. Parece absurdo, mas ser motociclista é tão ou mais perigoso do que ser motoqueiro, isso porque os motoristas - no qual em 100% dos casos estão com a razão, jogam tudo no mesmo saco do pre-conceito. Logo, ao ver um motociclista fazendo inversão de faixa, ligando a seta e esperando a vez de passar pode sofrer várias consequências. Sobre isso já vi de tudo. Motoqueiros passando por cima de motociclistas, motoristas de ônibus - fazendo algo que só eles sabem fazer – dando o toque sutil que faz estragos terríveis sobre a vida a pessoa que está sobre uma moto e, motoristas - como já tinha dito, sempre com a razão-, passam e que se dane se o desgraçado do motoqueiro ficar na sua frente.
Sobre isso, já ouvi até de colegas (próximo!) afirmarem que odeiam
motoqueiros e que “a vontade é passar por cima desses
desgraçados”. Então imagina eu, na minha insignificância
afirmar: “tem motoqueiros e motociclistas, como tem motoristas e
'motoristas'”. O que tinha acabado de ouvir era: “mato ate você
se passar na minha frente!” Meu Deus! Não gosto muito de falar de
culpados e, não quero defender a bandeira de ninguém, mas tudo isso
é muito desumano e demonstra nosso grau de civilidade. Quanto maior
o nível de diplomacia maior o grau de civilidade e, pensando nisso
onde está nosso grau de civilidade? O erro existe e, se alguém está
errado por não ter visto com atenção quem vinha ao seu lado, creio
que não custa parar e deixar passar.
Aos motoqueiros e motociclistas deveriam pensar, igualmente, em suas
vidas e nas consequências das barbárie que andam a cometer. Aos
motoristas pensarem que estão num veículo e, que este veículo não
é extensão do seu corpo e muito menos a representação do seu
status, que diga-se de passagem anda bem comprometido. Talvez seja
esse o grande problema: o empoderamento irresponsável que se imita,
achando que está se livrando de um problema (chamado transporte
público), mas na verdade, o que se faz é tornar a vida na cidade
cada vez mais estressante e desinteressante. Mais uma vez, acho que
não é demais afirmar, o quanto odeio pilotar motocicletas e, mais
ainda vê-las na posição mais incômodas, jogadas no chão,
manchadas de sangue, enquanto, motoristas histéricos se justificam
aos seus planos de seguro o menor prejuízo.
Diante de tudo isso – se não morrer como tantos -, meu próximo
livro que pretendo ler será “Fé em Deus e pé na Tábua” de
Roberto Damatta. Enquanto isso só me resta ter fé em Deus e pé na
tábua.
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