terça-feira, 2 de agosto de 2011

O camarada tinha um jeito estranho no falar e nos modos como agia socialmente. Altura acima da média, pernas finas e tortas não faziam par com o abdome largo, uma barriga de quem comeu uma jaca inteira. Ao andar seus braços balançam sem ritmo, jogando o corpo de um lado pra outro, parecendo os duendes de filmes de ficção científica. Com roupas simples, deixa sua aparência mais estranha. O que uma mulher poderia ver naqueles olhos esbugalhados e assustados? Que palavras poderiam vir de um ser raivoso e vingativo. Essa criatura só tinha uma coisa a seu favor: tinha poder sobre os saberes adquiridos na cidade de Picuiá. Isso para ele já bastava.
Mas tudo está muito bem. Os seguidores fazem as vezes de amigo. Mentem sobre sua inteligência e capacidade de fazer as coisas. Como se houvesse a perfeição. Quem por acaso discordar deste pobre homem é gentilmente convidado a deixar o centro do saber de Picuiá. Seus seguidores são quase sempre seres perfeitos. Sabem tanto quanto o mestre. Fieis escudeiros são capazes de emitirem qualquer opinião que ainda não tenham saído da boca de seu pai espiritual. Tudo, tudo para não desagradá-lo. Esses discípulos são ótimos.

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