quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cenas do Cotidiano

Jham acordou por volta das seis horas da manhã. Como faz todos os dias passa direto para o banheiro, escova os dente, troca as roupas de dormir e abre uma das janelas. Sentiu que a manhã estava mais fria do que de costume. Chovia bastante. As luzes dos postes, ainda estavam acesas, começo de rotina não menos enfadonha. Seu amado já tinha ido trabalhar. Na cozinha os restos de comida da noite anterior, panelas sujas, roupas espalhadas pelas janelas. A quentinha de ontem intacta e azeda. Não queria aborrecimentos e, por isso, evitou fazer qualquer coisa. Nada de café da manhã, nada de geladeira. Voltou ao quarto, abril a gaveta do criado mudo e tirou um pequeno livro de orações. Por cinco minutos buscou proteção contra seus males.
“Deus protege minha família, me dê forças para aguentar a pobreza e me livre dos meus inimigos”
Os olhos lacrimejavam, no entanto, tinha que ir. Fez o sinal da cruz, beijou o dedo indicador esquerdo e foi rumo a sua vida.
Dois ônibus. Nada difícil, diante do que teria que aguentar. Velhos sujos, mulheres sem nenhuma fé. Importava que Jham sobrevivesse mais um dia. Não diria que de cão, ou muito menos aquele que o diabo amaçou. Com dois clientes comeria cachorro quente e o troco levaria pra casa. Este é o seu cotidiano há pelo menos metade da vida.

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