segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sempre aos sábados

Jorge Alexandro Barbosa
Recife, 16 de abril de 2011.

Aula aos sábados. Fundamentos e, como todos os fundamentos o mesmo blá, blá, blá. “Seja assim, faça aquilo e aquilo outro e assim as horas iam passando, até as onze e vinte quando paramos para o almoço. Durante maior parte do tempo fiquei calado. Não estou afim de falar com ninguém tudo é uma grande bobagem. Teorias, mais teorias e uma prática que tem que se adaptar ao mercado de trabalho, ou seja, ao dinheiro, pode ser que tenha que se adaptar a conveniência política de alguém. Tudo bem que não queira falar, estou de mal humor desde ontem, sei que não é normal, tudo bem, temos sempre que dizer ao outro “tudo bem” quando nem sempre queremos emitir a opinião sobre algo, mesmo quando tudo está bem.
Sai da sala às onze e meia. Ao contrário do lugar em que trabalho todos os elevadores funcionando muito bem por isso foi rápido. O bom é que nem precisa de ascensorista, ou melhor, não precisamos do seu bom senso. Lembro que uma vez discutir com um babaca por conta disso e, como é bom não precisar deles, basta que as coisas funcionem bem e pronto. Três minutos depois estava na rua, precisava urgentemente encontrar um restaurante. Fome, meu Deus que fome. Que nada! Comeria apenas pela obrigação de comer, mais uma entre tantas, faz parte do mundo em que vivemos. As ruas do centro da cidade não estavam tão tumultuadas, acho que graças a limpeza que andam fazendo pelo centro da cidade. Tiraram um monte de vendedor ambulante das ruas, estes para venderem faziam de tudo para serem vistos, inclusive ficar na frente do pedestre.
Entrei dois restaurante self com preços muito parecidos, R$ 2,09 e outro R$ 1,99. Fiquei com o segundo. De esquina, todo pintado de amarelo, com mesas amarelas, cadeiras amarelas. No canto um aparelho para manter a comida aquecida. Pouca gente, isso contou a favor para ficar. Quando tem pouca gente, a comida fica menos mexida. Já vi gente tirar o macarrão do prato com a mão e jogar de volta na badeja. Isso com a mão, é claro! Com o prato na mão, vamos lá escolher o alimento nosso de cada dia. Arroz, colorido com raspas de cenoura, macarrão imitando alguma coisa chinesa, folhas verdes, azeite, coca zero. Hummmmmmmm que delicia. Vinte minutos depois a digestão. Digeri o pagamento, bem pago como sempre. No local algumas colegas de sala, claro que fingiram que não viram. Quem vê um cara estranho. Paciência!
Segui de volta, apesar de termos uma hora para o reinicio das aulas. Na volta, um pouco mais de barulho, vendedores, os poucos que sobraram. Tinha um que resmungava alguma coisa como: “não querem deixar mas vou ficar aqui” Mais na frente um megafone. Interessante. No chão, num cantinho mas fazendo um barulho danado:
“chip da oi dez reais. Chip da oi dez reais. Chip da oi dez reais”
Agora os megafones são mais modernos, você fala uma vez e grava. Megafone que antes servia para mobilizar, comunicar. Hoje, vende chip da oi a dez reais. Processo natural. Temos internet, jornais, microblogs, blogs e tantas bugigangas informativas que um megafone não serve pra nada, a não ser vender chip da oi a dez reais. Antes de entrar na faculdade resolvi passa nos sebistas. Livros espalhados nas calçadas, a grande maioria, desinteressantes, não vi muito sentido naqueles títulos. Procurei uns três vendedores e nada. Livros fora de circulação e nenhuma naqueles títulos misturados ao cheiro de mijo e merda que tomam conta do centro da cidade.
Voltei para o restante das atividades. Salas fechadas para que ninguém roube nada. Sentei num banco de praça instalado nos corredores. Vigilante, sempre cuidadoso, passava de um lado pra outro observado o que escrevia. Acho que mais estranhava minha cara do que propriamente o fato de estar escrevendo com um pequeno computador. Às duas horas voltaria as atividades, preocupado em terminar o quanto antes mas, ao mesmo tempo feliz, porque lá estou fazendo o que em outros lugares não permitiram que o fizesse, estudar.

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