quinta-feira, 9 de abril de 2015

Consciência democrática filosófica


 (por sugestão de Josué Henrique. Meus agradecimentos)

Esses dias estou no congresso ouvindo resultados de trabalhos e palestras sobre a educação no Brasil. Alguns aspectos chamam atenção. A primeira, algumas conquistas como a expansão do ensino médio, apesar da necessidade de ampliação e, a segunda, a democratização do ensino superior. Considero-os importante por serem fruto de políticas públicas e, principalmente, porque representou mudança na vida de milhares de pessoas. Acredito na educação como elemento de transformação social. Por estarmos vivendo um momento difícil, do ponto de vista econômico e político, prefiro deixar outros diagnósticos de lado, percebendo que algumas coisas que se põe como desafios aos gestores e educadores representam um avanço nas pautas políticas.
Umas das questões centrais - isso numa perspectiva pessoal – está na preparação, na formação que estimule autonomia intelectual, na prática lembro muito um velho dito popular: “ensinar a pescar”. Algo que pode ser levado a todas as áreas. Como sou sociólogo, isto está na formação crítica, na autonomia intelectual, na introjeção de valores democráticos, na atribuição de mais responsabilidades para só depois buscar-se os direitos (com base nos primeiros). Diria que há avanços nessa direção, mas precisamos de mais. Com isso não quero afirmar que todos tem que ser obrigatoriamente escritores, críticos, etc e tal... A dimensão é outra, vejo como grande utopia.

Por que grande utopia? As razões são inúmeras. Não vejo, infelizmente (no presente momento) perspectivas de médio prazo. Vivemos em alguns setores da sociedade uma crise moral e ética que não sabemos ainda suas consequência. Não analiso isto apenas pelo lado das grandes instituições e/ou grupos políticos, isso é algo de ordem muito mais subjetiva. Esse problema está no trânsito em todos os sinais simbólicos da violência e de uma sociedade que ainda não aprendeu a respeitar o outro (que é seu semelhante), isso está no modo todo particular, como muitas vezes, buscamos resolver nossos conflitos, num geme aristocrático em alguns, em outros autoritário mesmo, de coagir os outros, sem dar conta de nossa parcela de responsabilidade dentro do processo. Vejo problema como secularizamos - e na maioria das vezes desprezamos – elementos da formação do “espírito”, numa eterna preocupação do que visualizamos nos outros, mas que somos incapazes de valorizarmos o que há de mais elementar e bom em nós. Talvez por isso um desprezo pela cultura, pelas letras e artes – tudo isso é mantido a um custo (não falo de dinheiro) muito grande pelos poucos que se aventuram. (Infelizmente, uma causa de militância de poucos. Não é realidade para maioria)
De alguma forma caminhamos com essas perspectivas de mudanças, no entanto, ainda subsiste gemes de modelos arcaicos de sociedade, e aqui volto a repetir: não está em Brasília, nem na sede dos governos. Está nas mendes que ainda não aprenderam construir seu projeto pessoal e, por isso, ficam a observar a sombra de outros, num trabalho de vigilância quase sistêmica sobre a esperança de tirar proveito, numa prática de submissão de seus valores sagrados, como autonomia de pensamento e consciência de escolhas. Talvez seja esta a dificuldade de vivermos numa democracia, que ainda não é de todo democrática – porquê é ingênuo atribuir apenas ao voto algo que se de manifestou aos antigos como uma condição de vida, portanto, democracia é condição de como as pessoas e um povo vê-se diante da polis. Para além disso, está no direito de expressão (com responsabilidade, claro!), com consciência de quem pensa a vida conetado com o todo.
São ideias que me passam agora, que voltarei num momento oportuno com calma. De alguma forma me localizo dentro de minha própria crítica, ao mesmo tempo que me coloco na condição de quem aprecia as palavras, que ver na literatura mais do que uma arte, mas um estilo de vida, de quem gosta da opinião, na crença que os valores liberdade passa pela responsabilização, autoconhecimento, autocrítica, mas igualmente, me coloco na condição de quem despreza a condição de quem se submete a querer desprezar, usar de subterfúgios para passar o outro pra trás, ao invés de construir seu próprio crescimento, a própria trajetória.
 Longe de uma conclusão, busco em Berger, Simone de Bovouir, Flaubert – na simplicidade e ao mesmo tempo na complexidade de quem consegue ver por cima do muro e dizer que outras possibilidades existem e coexistem ... Este é o desafio.

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