(por sugestão de Josué Henrique. Meus agradecimentos)
Esses dias estou no congresso ouvindo resultados de trabalhos e
palestras sobre a educação no Brasil. Alguns aspectos chamam
atenção. A primeira, algumas conquistas como a expansão do ensino
médio, apesar da necessidade de ampliação e, a segunda, a
democratização do ensino superior. Considero-os importante por
serem fruto de políticas públicas e, principalmente, porque
representou mudança na vida de milhares de pessoas. Acredito na
educação como elemento de transformação social. Por estarmos
vivendo um momento difícil, do ponto de vista econômico e político,
prefiro deixar outros diagnósticos de lado, percebendo que algumas
coisas que se põe como desafios aos gestores e educadores
representam um avanço nas pautas políticas.
Umas das questões centrais - isso numa perspectiva pessoal – está
na preparação, na formação que estimule autonomia intelectual, na
prática lembro muito um velho dito popular: “ensinar a pescar”.
Algo que pode ser levado a todas as áreas. Como sou sociólogo, isto
está na formação crítica, na autonomia intelectual, na introjeção
de valores democráticos, na atribuição de mais responsabilidades
para só depois buscar-se os direitos (com base nos primeiros). Diria
que há avanços nessa direção, mas precisamos de mais. Com isso
não quero afirmar que todos tem que ser obrigatoriamente escritores,
críticos, etc e tal... A dimensão é outra, vejo como grande
utopia.
Por que grande utopia? As razões são inúmeras. Não vejo,
infelizmente (no presente momento) perspectivas de médio prazo.
Vivemos em alguns setores da sociedade uma crise moral e ética que
não sabemos ainda suas consequência. Não analiso isto apenas pelo
lado das grandes instituições e/ou grupos políticos, isso é algo
de ordem muito mais subjetiva. Esse problema está no trânsito em
todos os sinais simbólicos da violência e de uma sociedade que
ainda não aprendeu a respeitar o outro (que é seu semelhante), isso
está no modo todo particular, como muitas vezes, buscamos resolver
nossos conflitos, num geme aristocrático em alguns, em outros
autoritário mesmo, de coagir os outros, sem dar conta de nossa
parcela de responsabilidade dentro do processo. Vejo problema como
secularizamos - e na maioria das vezes desprezamos – elementos da
formação do “espírito”, numa eterna preocupação do que
visualizamos nos outros, mas que somos incapazes de valorizarmos o
que há de mais elementar e bom em nós. Talvez por isso um desprezo
pela cultura, pelas letras e artes – tudo isso é mantido a um
custo (não falo de dinheiro) muito grande pelos poucos que se
aventuram. (Infelizmente, uma causa de militância de poucos. Não é
realidade para maioria)
De alguma forma caminhamos com essas perspectivas de mudanças, no
entanto, ainda subsiste gemes de modelos arcaicos de sociedade, e
aqui volto a repetir: não está em Brasília, nem na sede dos
governos. Está nas mendes que ainda não aprenderam construir seu
projeto pessoal e, por isso, ficam a observar a sombra de outros, num
trabalho de vigilância quase sistêmica sobre a esperança de tirar
proveito, numa prática de submissão de seus valores sagrados, como
autonomia de pensamento e consciência de escolhas. Talvez seja esta
a dificuldade de vivermos numa democracia, que ainda não é de todo
democrática – porquê é ingênuo atribuir apenas ao voto algo que
se de manifestou aos antigos como uma condição de vida, portanto,
democracia é condição de como as pessoas e um povo vê-se diante
da polis. Para além disso, está no direito de expressão (com
responsabilidade, claro!), com consciência de quem pensa a vida
conetado com o todo.
São ideias que me passam agora, que voltarei num momento oportuno
com calma. De alguma forma me localizo dentro de minha própria
crítica, ao mesmo tempo que me coloco na condição de quem aprecia
as palavras, que ver na literatura mais do que uma arte, mas um
estilo de vida, de quem gosta da opinião, na crença que os valores
liberdade passa pela responsabilização, autoconhecimento,
autocrítica, mas igualmente, me coloco na condição de quem
despreza a condição de quem se submete a querer desprezar, usar de
subterfúgios para passar o outro pra trás, ao invés de construir
seu próprio crescimento, a própria trajetória.
Longe de uma conclusão, busco em Berger, Simone de Bovouir, Flaubert
– na simplicidade e ao mesmo tempo na complexidade de quem consegue
ver por cima do muro e dizer que outras possibilidades existem e
coexistem ... Este é o desafio.
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