quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Reflexões de quem está cansado


Esta semana estive pensando sobre os mestres que tive ao longo de minha formação. Os primeiros são meus pais que com muito esforço, decência e dignidade me ensina (graças a Deus isto se faz presente) valores primordiais como trabalho, educação e respeito. Depois dos meus pais fui fortemente influenciado pela educação religiosa franciscana. Sobre influência direta de frades alemães que ao 'espírito' de suas identidades consegui percebe diferenças - que não eram apenas culturais – mas de concepções de mundo. A ideia de que “Deus dá a laranja mas não descasca” acho fantástica. E pensar que cheguei a trabalhar com dois religiosos que viveram um dos piores momentos de nossa história, a segunda guerra, que não apenas que contavam sobre a guerra, sobre o impacto das perdas e da banalidade e estupidez que isto representou, mas, principalmente, pelo que ficou. De tudo isso colhi algo que parece não bater com algumas coisas que vejo que é a seriedade naquilo que faz. Para além disso, valores tão fundamentais como o respeito as autoridades (nas suas mais diversas instâncias e ordens). Quando falo de seriedade não estou afirmando que devamos ser sisudos, mas ter consciência e responsabilidade sobre o que se faz, sobre os vários papéis que exercemos, em especial portar-se de uma racionalidade que nos permite sair de nossas limitações e projetarmos objetivos. Levar as coisas a sério, enfim. E, na contramão parece que levar as coisas a sério é assinar um protocolo para andar na contramão, ganhar um monte de inimizades (porque seguir as regras neste país está cada vez mais difícil e quem o faz paga seu preço). Na terra jeitinho e do tapinha nas costas, isto é quase uma agressão.
Eu levo as coisas a sério, isto implica que naquilo que estou fazendo, devo ao máximo está centrado. Se vou conseguir, isto é outra história. Mas o fato de está neste empenho de alguma forma te ensina algo te mostra caminhos. Levo as coisas a sério, embora muitas vezes não consiga o melhor, conheço minhas limitações. Estou pensando nisto, um pouco incomodado. Cansa. Decepciona. E quando o deboche, o riso fútil são as únicas coisas que se vê a frente, me pergunto sobre o que vale a pena. Nessas horas vou pra uma lição que aprendi na minha formação religiosa: silêncio. Para depois voltar ao ponto inicial, com a mesma seriedade, mesmo que te digam: “Você leva de mais as coisas a sério”.
Só pra não esquecer um último ponto: levar 'as coisas' a sério é viver intensamente. Isso requer cuidado e responsabilidade.
Depois de pensar nos mestres lembrei de todos àqueles que me detestam, mas que um dia me deram tapinhas no ombro e, como acreditava que seus propósitos fossem sérios terminamos naquele velho embate: "você leva as coisas muito a sério" Me pergunto se vale a pena!

Um comentário:

Carla Raquel Daher disse...

Fantástica reflexão! Prefiro levar a sério, ou pelo menos, tentar! É isso aí!