quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Divagações de um tolo

 Tenho plena consciência que estas palavras não deveriam ser pronunciadas, mas como negar se meu corpo hoje é expressão do que sinto?
Estou cansado. O corpo fatigado e a mente a mil. Com tantas possibilidades a se fazer e a viver algo, ao mesmo tempo que se abre mão de tanta coisa importante, que infelizmente, não se terá mais possibilidade de vivenciá-la por uma segunda vez. Mas isto é apenas um lado. Hoje, por trinta minutos, com uma vista da janela do meu apartamento, observava um grupo de trabalhadores da construção civil levantando paredes. Os ajudantes cuidando de fornecer material, outro fazendo metições, verificando nível e, alguns levantavam paredes. O local, uma comunidade pobre que via crescer mais uma construção em meio uma organização bem peculiar. O radio de pilha animava a peãozada. O que se ouvia não era diferente que escuto no final de semana. Independente das bobagens que vinham a conversa e da música de péssima qualidade estavam concentrados. Sabiam o que faziam e, pareciam está cientes do ponto que em parariam.
A hora avançava e, aproximava-se o momento de ir ao trabalho. O meu, tem algo de bem peculiar. Ensinar as pessoas serem criticas, a pensarem a sociedade pautada numa racionalidade cientifica e instrumental, onde o conhecimento significa acúmulo de capital. E, hoje, diante de tanto comportamento esnobe, da dificuldade para falar quando ninguém queria ouvir, porque tudo que tinha a falar não tinha a menor importância, talvez porque não vai cair em nenhuma prova e, nem vai lhe servir para embrulhar alguma..., simplesmente, continuaram no riso e na descrença e, principalmente, num olhar para um profissional – que na ótica dos sábios que estavam do outro lado, não tem nada a contribuir para que ao final de suas longas e penosas prestações possam imprimir a versão final daquilo que procuram. Que posso dizer com com convicção, que em 70% dos casos não é conhecimento.
Então, é justamente nesse cansaço é que me pergunto se não valeria a pena um oficio mais modesto, onde poderia, até voltar pra casa, mas com a certeza que as duas ou três fileiras de tijolos assentados sobre a parede está dentro das determinações de um ideal, que na prática - seja a vida pessoal como profissional – dará um mínimo de respeito a todos que ali se envolviam. Assentando tijolos não perderia meu tempo tentando ensinar cidadania e conhecimentos de uma sociedade racional e moderna para quem não quer aprender. Não teria a impressão do tempo perdido, poderiam quem sabe, sentar-me em frente da TV assistir algum programa de auditório – quem sabe pegar no sono e dormir ali e por algumas horas e, enfim, dormir. Acordar. Voltar pro trabalho. Bater a meta e, voltar pra casa, no dia seguinte voltar ao trabalho e, assim até o dia em que a natureza permitisse. Nada de pensar muito, nem de ensinar cidadania para quem não quer cidadania.

Da primeira vez que me afastei foi a partir de uma situação bem curiosa. Saía de uma reunião a chefe e coordenadora (assim como muitos românticos e hipócritas - às vezes os dois ao mesmo tempo) falavam de nossa missão de salva o planeta e, de falar coisa para quem não queria ouvir o que temos pra falar. Foi um dia muito tenso àquele, porque fui direto ao ponto: “só podemos fazer algo” Momento difícil àquele. Lembro que tinha que passar o dia com R$ 2,00 o que significava comer um cachorro quente e uma pipoca. O que ganhava mal cobria as despesas com o teto. Tanto esforço para ser apenas um palhaço, ridicularizado, na prática é isso que acontece ….

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