domingo, 19 de janeiro de 2014

O que há por trás do medo

Tenho a impressão (assumo que posso está falando uma grande bobagem) que os "Rolezinhos", tão alardeados ultimamente nas redes sociais e, principalmente, a reação ao movimento, pode demonstrar toda uma carga de separação social e, não só isso, mas algo que o brasileiro nega, nega: o preconceito. Pensar que esta ação acontece no tempo sagrado do capitalismo se constitui, sobre tudo a segmentos da classe média esclarecida e politizada, um insulto à ordem pública (embora privada). "Quem esse povo pensa que é?" Claro que ninguém em sã consciência dirá uma coisa dessa, no entanto, a prática repressiva que os jovens vem sofrendo demonstra o argumento na prática. O fechamento de um shopping no Rio de Janeiro, hoje, é outra prova.
Já vi postagens em facebook e reportagens o seguinte tipo de comentário: "por que não vão fazer rolezinhos em livrarias, museus, na casa de amigos e/ou na escola para discutir a matéria de matemática ou português? Bom! Independente das variações que essa pergunta possa ter e, dos sentidos de um fascismo social (como já coloca Boaventura de Souza Santos) a reação a este movimento, seja na biblioteca, museus ou qualquer outro lugar que se sugira, seria a mesma. Ou seja: de repúdio, de preconceito, pelo simples fato que em nossa sociedade as estrutura de mobilidade e de papeis são cristalizados, quanto as castas na índia ou quanto a separação entre brancos e negros, nos tempos sombrios do apartheid.
O que me choca nesse discurso todo é o discurso da ordem, diga-se de passagem o mesmo de 64, com roupagem nova, legitimado por segmentos tidos como esclarecidos que não sabe o que é liberalismo, que não aprendeu a respeitar as diferenças e, que não algo de sua dignidade comprada a cartão de crédito se julgam melhores e exclusivos de espaços, que agora - mais do que nunca - aumentam seus muros. O velho muro da vergonha, chamado preconceito.

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