domingo, 16 de dezembro de 2012

Breve retrospectiva 1

É sempre complicado falar sobre o futuro. Prefiro a palavra projeto: “tenho projetos de...” Apesar de não gostar das festividades do natal, vejo que estes feriados, além de servirem às pessoas torrarem dinheiro em futilidades, tem outra função que é pensarmos de como foi ano. Esse momento de reflexão é sempre importante, especialmente, quando as dificuldades ao longo da caminhada foram muitos. Pra mim vai ser especial por conta disso. Refletir sobre o que não deu certo mas, principalmente, para me organizar. Caso o fim do mundo não chegue no próximo dia 21 a intenção é pensar, nestes que temem o fim e, aqueles que neste 2012 fizeram o possível para me prejudicar profissionalmente e que pelas costas falaram (e falam) mal de mim. Neste sentido meu primeiro grande projeto para 2013 encerra-se neste post: esquecer essas criaturas asquerosas. Pessoas que ao longo de dez anos de convivência que se colocavam como amigos tudo que fizeram foram me prejudicar. Quantas vezes vi alguns desses patifes chegaram até mim com cara de coitadinhos, vitimas do sistema e que por isso precisavam que passassem a mão complacente. Depois de tudo fiquei sabendo que estes desgraçados faziam reuniões, por trás. Planos, encontros e, claro, uma boa difamação àqueles que discordam de suas ideias e princípios. Sempre discordei e discordo mas, sempre os respeitei mas, estes portadores de conhecimentos e diplomas não sabem o que é isso. Acho estranho que alguns com seus títulos possam ter em suas casas menos livros que este ignorante que agora escreve. Estranho mesmo! Ainda é bem complicado esquecer a humilhação que a esposa de um desses nobres senhores me faz passar ao me chamar de bêbado desocupado. “Bêbado desocupado. Alcoólatra”. Carinhosamente arrogante, no ápice de seu nobre nome de família tradicional da cidade. Uma coisa não posso negar destes: a sorte! Outra foi a maneira como fomos escurrassados depois de cinco anos da casa que morávamos. Foi um momento bem delicado. Minha esposa recém operada, uma criança de colo, tijolos espalhados, sinal da maneira como fomos escurrassados. Sem nenhum respeito às regras de direitos humanos, sem respeito à regras contratuais. Saímos. Sem ninguém pra nos dar uma ajuda. Liguei pros primos, que sempre que aparecem no interior é aquela festa: “oi primo Jorge, qualquer coisa que precisar” ou ainda, “ei menino, nunca mais apareceu, estamos com saudades” Gente bacana? Não? No momento do desespero nenhum telefone. Eles sabiam que precisavam. Como sempre a raiva. Sabe qual a raiva? Não escuto pagode, não voto em coronéis, não exalto histórias bizarras de famílias, de pessoas bizarras (inclusive). Mas tudo bem, somos cristãos e felizes. Àqueles primeiros, também, pedi ajuda. Nenhum podia. Àquele sempre pobrezinho, humilhado pelas injustiças da vida e que sempre dizia, quando bêbado que era o melhor amigo …, esse aí …, deixa pra lá. Com toda dificuldade conseguimos sair da casa. O novo lar nem de longe o que tínhamos. Outro momento difícil. O problema não é a pobreza material. Já passei e, ás vezes, ainda passo fome, não tenho plano de saúde e, sequer tenho qualquer cartão de crédito. Sou assalariado com todas as dificuldades de ordem material. O problema e a pobreza cultural, educacional. Onde caímos isto é ainda mais grave, por razões que prefiro não expor agora. Cumprimentar alguém com um “bom dia” pode se constituir uma agressão, raramente alguém responde a qualquer cumprimento, com exceção daqueles que identificam seu credo religioso, como não gosto dessas coisas... Tá bem complicado se adaptar aqui. Depois que cheguei a este lugar costumo escrever e falar com alguns conhecidos que estou no exílio, isso antes. Mas não sei se posso classificar isto de exílio tendo em vista que não se trata apenas de um afastamento do seu mundo, de sua cultura e das pessoas que você gosta. Neste sentido, acho que estou exilado a muito mais tempo. Ainda não encontrei o lugar e as pessoas que me façam sentir bem, talvez, seja este, também, um projeto para 2013. Talvez este mundo, estas pessoas estejam nos livros, na literatura, na arte da escrita (que apesar de não ser um artesão hábil, gosto muito de manuseá-la). Não estou incluindo aqui minha família. Estes são meu alicerce, é outra coisa. Acho que é isso. Um volta a ficção. Todos esses personagens citados devem ser evitados. Não são meus amigos, nunca foram, nunca serão. Numa sociedade vazia pautada em valores consumistas não existem amigos. As pessoas se aproximam das outras pelo valor de troca, quando isto acaba, a relação vai junto.

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