terça-feira, 7 de agosto de 2012

Um dia triste: estamos sem Celso

Algumas coisas me veem a mente nesse momento: A primeira, está relacionada a uma reunião de sábado passado. Lembro que uma das colegas falava sobre uma turma de alunos que estava divididas em grupos. Segundo ela, esta falta de “união” ou a competição entre eles não era algo bom. De repente fiquei pensando se isto não seria uma indireta pra mim, na ocasião o único professor da área de humanas. Que eu sabia não cabe aos professores de humanas se apaziguador de porra nenhuma. Não é por acaso que esta jovem professora está entre àquelas que sequer me cumprimenta com um bom dia. Pode ser que seja alguma coisa com a classe social, minha cara de cachorro vira lata é algo que não esconde minhas origens. Tudo bem! Aceito a condição, calado - tem essa! Não vou perder tempo com esse tipo de gente. As vezes a gente conversando ou trocando ideias saem algumas palavras que sequer tinha pensado antes. Isso aconteceu quando encontrei dois ex-alunos. “E ai professor. Vai lançar o livro quando?” “Já lancei o livro. Já vendi” respondi sem tanta empolgação. “Não, Professor. Fazer o evento aqui na faculdade...” Neste momento parei um pouco. Refletir e disse: “rapaz, este livro não me traz mais motivações, às vezes a gente quer muito uma coisa, mas quando consegue vê que não era o que é esperado”. Deixei (desta vez sem querer) transparecer meu pessimismo em relação a minha escrita e prática como escritor. Percebi o olhar desconfiado, de não vê mais àquela empolgação de escritor iniciante. Pra terminar a conversa falei das dificuldades que é morar na favela, onde só temos o direito de chegar com hora marcada, apesar de não existir toque de recolher. (informalmente, existe). Existe alguma coisa na arte que vale a pena. É o legado, que fica mais vivo do que nunca. Não precisa ser famoso. Quantos cantores que venderam milhões e milhões de discos e, hoje são esquecidos. Estes escritores (a maioria ingleses e norte americanos) que vendem milhões de títulos, no entanto, a medida que vai passando o tempo e vindo outros escritores best sellers ficam esquecidos. Não deixam claro de contribuir. Mas o artista (independente de onde atue) tem esse compromisso, o sucesso pode ser o azar (pra alguns sorte). Isso me veio agora ao ler uma triste notícia: a morte de Celso Blues Boy. O pioneiro do blues no Brasil, não só na música mas, no estilo de vida. Fico impressionado com a força dele e, de tantos outros que se entregaram a arte. Gostaria de ter esse talento, no meu caso, com a literatura. Escrever até as minhas mãos quebrarem ou ficarem duras. Infelizmente, ainda não consegui. Ainda voltando ao Celso Blues Boy, lembro do show que fez no festival de Jazz de Garanhuns em 2010. Depois de tocar a primeira música lembro que ele cuido de fazer alguns ajustes no som. Foi naquela hora ao som de sua guitarra que o festival, de fato, tinha começado. Pela maneira despojada, típica do Blues incorporada na sua pessoa, levou a turma ao delírio com sua música. Foi uma noite alegre. É impressionante como a música, a literatura, a pintura pode nos fazer transportar. “Aumenta que isso ai é rock roll” naquele momento era a senha do improvável. Enquanto, o resto do Estado cumpria seu ritual aristocrático de carnaval, esquecemos de tudo, simplesmente porque ouvia um dos mais geniais do Blues. Celso Blues Boy, quando crescer que ser igual a você. Quero que minha escrita, seja tão parecida com a sua música. Sentiremos sua falta, mas você continua vivo, a sua obra continua viva.

Nenhum comentário: