Um pouco cansado. Não é o corpo é a mente. Coisas do dia a dia, em
especial de quem mora numa grande cidade, que se pretende ao status
de moderna (e, para alguns mais avançadinhos, pós-moderna). Acho
que isso não interessa muito afinal em breve irá começar a copa do
mundo. “Rumo ao hexa!” Engraçado isso. Antes da chuva, que cai
nesse momento, tinha ido ao mercado – desses de bairro mesmo – de
moto para não me cansar ainda mais. Aliás, esse é o problema! Tudo
bem. Estacionei e segui para pegar uma cesta – pequenas compras -,
logo na entrada uma criança chorava escandalosamente. Parecia
querer algo que sua mãe recusará a dar. Pra entrar foi um pouco
complicado porque três funcionários para repor o estoque
conversavam impedindo a passagem. Do lado, quatro senhoras também
conversavam pondo o papo em dia. Pedi licença. Nenhum dos dois
grupos parecia me ouvir. Pedi mais umas três vezes e nada. Resolvi
ficar parado atrás deles, escutando o choro inverosímel e a
conversa desinteressada dos que estavam a minha frente. Foi pouco
tempo. Uma senhora gorda, vestida com camiseta marrom em tons
desbotados coçava a barriga e olhava pra mim com indiferença. Ela
parecia meio cheia de minha presença. Pro funcionários mais
importante era o tempo que se dava daquele lado. Num certo momento a
senhora faz um movimento com a cabeça para outra que estava a sua
frente. Ela não entende e pergunta: “o que é?!” Pra facilitar
ela resolve puxar a mulher abrindo passagem.
Não foi difícil perceber o quanto estava lotado. Sábado logo cedo
é o momento que as pessoas saem para fazerem compras. Com um pouco
de paciência poderia fazer isso. No geral sou muito paciente. Ao
contrário de muitos, caminhava lentamente. Mesmo comprando, quase
sempre os mesmos produtos, gosto de ler as embalagens, comparar
preços. Não dá pra fazer isso andando. Nem sempre me dou conta,
que semelhante as pessoas que estavam na entrada da loja impedindo
meu acesso, também, posso está fazendo o mesmo no corredor de um
supermercado, com um agravo: não estou conversando com ninguém.
Claro que esta demência não será esquecida. Primeiro um jovem e
sua namora, felizes empurrando um carrinho. A presença deles é
notada pelo empurrão e pela cara cheia que o jovem faz. Acho que tem
alguma coisa relacionada com a ideia (tão jus naturalis) do macho
(viril) defender sua fêmea. (Não foi por acaso que lembrei da briga
de transito que presenciei ontem: uma senhora passa por um cruzamento
ao mesmo tempo que um motoqueiro vestido em trajes típicos (apenas
permuda – sem camisa e calçados) em algum milimetro não calculado
se toca. Ptuz! Pensei. O caro morreu! Não tinha visto a moça que de
tão magrinha se confundia com as roupas que o motoqueiro vestia. Na
verdade ela tava sentada. A moto estava por cima da perna dele, mas
era como se não tivesse. Ante de levantar-se, numa rapidez difícil
de descrever, tira o capacete e começa a xingar o motorista. Num
impulso ele joga a motocicleta virando para o outro lado. A moça
continuava sentada. Dois motoristas que vinham atrás param e
verificam se está tudo bem com a moça. Do outro lado, o motoqueiro
xingava e batia no vidro do carro. Tinha esquecido sua namora –
fecha parêntesis). Mas o fato, que parado no corredor o casal feliz
guiado por um macho viril – porque ele tinha a obrigação em
demonstrar sua força – afinal tantos meses de acadêmia não é
pra ficar assim sem demonstrar nada – joga o carro contra mim, diz
alguma coisa que faço questão de não ouvir. Foi apenas uma pancada
na perna ocasionada por um carro de feira - cheio! Não ia encarar
um cara forte de camiseta colada ao lado de sua fêmea.
Melhor seria circular e procurar fósforos. Acho engraçado os
fósforos. Palitinhos tão finos e frágeis. Havia umas cinco marcas.
Costumo olhar as caixas porque são bem diferentes umas das outras e
tá lá de novo o babão lendo embalagens e mais uma vez um carro.
Desta vez foi uma senhora, bem mais educada que ficou parada. Quando
me virei ela dá um sorriso amarelo. Claro!Entendo que não estou no
lugar correto. Deixo espaço suficiente para que ela passe. Não
demora para reencontrar às senhoras que conversavam, lá no inicio.
Elas pareciam andar em circulo, porque todas falavam ao mesmo tempo e
não podiam esquecer de nada em suas compras pessoais.
Achei aquilo tudo muito chato. Pensei no que poderia está lendo ou
mesmo ouvindo música, quem sabe brincando com meu filho ao invés de
ficar numa disputa idiota por espaços, apenas para consumir. E
pensar que seria mais 40 minutos. Sabe de uma coisa? Melhor ir pra
casa, descansar um pouco e pensar o quanto somos tolos,
principalmente, quando estamos em nossa rotina vazia de sentido.
Sobre essas coisas não posso esquecer de pessoas que por alguns
centavos muda de lado facilmente, quase sempre com poucas convicções,
mas muito hábeis na arte de puxar o saco ... e tantas outras coisinhas que é melhor não falar. Escutar música, sem muito saco pra o básico é o que resta ..
Nenhum comentário:
Postar um comentário